segunda-feira, 8 de junho de 2015



Atividade 4 – Filme: Escritores da Liberdade


“Cumpra a sua obrigação até o final do ano letivo, mas procure outro emprego. A experiência leva ao sucesso, então acumule mais experiência, não importa o que acontecer, não esqueça, é apenas um emprego, se não serve para você, arrume outro!”.
Começo destacando a fala acima onde o pai da professora Erin, expõe sua visão de mundo, diria até que de certa forma esta visão pragmática é predominante, onde o resultado almejado é o sucesso e para obtê-lo, o acumulo de experiência é importante, bem como o descarte daquilo que não te leve ao sucesso financeiro, nas entrelinhas percebo um tom de: Não perca tempo com o que não vale à pena, seja prático e obstinado, sem se deter diante de problemas que não lhe digam respeito, por exemplo: O outro.
Acontece que o caso aqui é a Educação, cuja matéria prima é o Ser Humano, elemento de insondáveis mistérios e de complexa dramaticidade, portanto a visão pragmática aqui urge sofrer retoques e reconsiderações, em face das características dinâmicas que compreendem este ser, que avança construindo a história, cobrando novas interpretações e soluções urgentes.
Boa parte da humanidade vaga pelo mundo hipnotizada por uma sintonia, que nos confunde de nós mesmos, criando confusão e vazio existencial, construindo muros que parecem intransponíveis, causando medo, perplexidade e um estado de imobilidade que contrapõem o próprio sentido da vida: o movimento.
A professora Erin, ao tentar criar um âmbito de encontro entre docente e discentes, estabelece um vínculo de respeito em relação ao outro, buscando entender a realidade dos alunos diante de seus dramas, dá importância à suas vidas, estende suas mãos e aponta um caminho, que deve ser percorrido ombro a ombro entre educador e educando. Aqui a generosidade é o sentimento que deve predominar, pois neste movimento que enseja o amor em sua cópia menos perfeita, o ser humano abre uma sintonia de entendimento e neste sentido dá marcha a uma relação construtiva, permeada de intensão boa e honesta, como deve ser pautada toda relação.
Diante do sistema engessado de uma educação que categoriza e discrimina, inserido em um modelo notadamente conteudista, a professora Erin determinada, avança contra este sistema, pois acredita antes de tudo no Homem, que muitas vezes abandonado e desacreditado sucumbe em sua estrutura, pois não se vê representado em nada, a não ser na gangue que como ele sofre da mesma falta de identidade e abandono.
A tarefa do educador é digna demais e sua missão é tão gigantesca, que por vezes diante das limitações apresentadas pela falta de vontade política e falta de recursos de toda ordem, deixa o educador sozinho como o Davi diante de Golias, mas neste caso um Davi que muitas vezes se acovarda e se esconde. Na cena em que se decide o destino da professora Erin, se ela continuaria lecionando para a mesma turma nos próximos ciclos, é triste o posicionamento da diretora da Escola, que sempre ofereceu resistência aos métodos da professora, a tensão entre um modelo e outro fica evidente, de um lado a diretora desacreditada do resultado à longo prazo, chegando inclusive a dizer que o sucesso alcançado não se sustentaria e que o trabalho realizado pela professora Erin, ainda iria trazer desconforto para os que viessem a substituí-la, de outro a boa vontade em mexer tão profundamente em algo, que normalmente acarreta sim, uma onda que vai se agigantando e quando se percebe, pode tragar os imprevidentes.
A cena onde o aluno latino ao ler seu texto em sala de aula, relatando a situação de despejo que acometeu ele e sua mãe sem recursos e que portanto lhes deixou sem teto, é particularmente tocante, pois o mesmo declara o quanto o espaço da escola passou a ser importante para ele, no encontro com os outros e na possibilidade de enxergar naquele local uma extensão do lar que lhe foi destituído, trazendo-lhe um pouco de paz, abrigo e proteção, aqui acontece o despertar do aluno ao entender que a escola possui um mistério, que está para além dos seus muros de tijolos, existe uma alma implícita ao ambiente da escola, que pode e deve ser aproveitada como estímulo para a vida em seu todo.
Quando a senhora que abrigou Anne Frank, visita a escola, ao ser chamada de heroína por um dos alunos, responde que ali todos são heróis todos os dias, ela em um gesto natural e humano educa, pois amplia a visão de que o herói está no outro, quando na verdade ele habita cada criatura humana. Ao dizer que todos nós podemos acender uma luz pequena em uma sala escura, nos convoca a uma reflexão de nossas potências, pois todo Homem é capaz de atitudes positivas. Em poucas palavras eleva a moral dos jovens e cria uma importância para cada um deles. Somos criaturas carentes e neste mundo de velocidade e medo, quem pode nos elevar quando nossas forças não parecem suficientes?
Quanto mais caótico for o Mundo, quanto maior forem as tensões que nos aturdem, mais a Educação deverá ser destacada em seu papel, mais a Humanidade deverá recorrer aos seus métodos, mais devotados a ela deveremos ser, sempre enfatizando a educação que nos liberta, faz crescer e  encaminha para uma humanidade mais ética e portanto mais generosa.

Um comentário:

  1. Educar não é apenas um emprego, mas também não vamos dizer que é dom, e sim ponto de vista.
    Este profissional muda vidas, e pode sim mudar o pensamento de uma geração, assim mudando uma sociedade!
    Acreditamos muito no que este filme passou como "lição"!
    (Grupo 09)

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